sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Veras

Diferentes tons de uma mesma cor marrom respiravam-se à beira da praia. Não havia, de fato, uma reciprocidade, pois ele, perceptivelmente, doava-se mais, apesar do afã que os poros dela exalavam. A despeito da irreciprocidade dos atos, o querer de ambos tinha a mesma intensidade. Enquanto, à sua maneira, ela suspirava chamarizes, ele gritava alto sua vontade: duas diferentes formas de dizer a mesma coisa, "mais!"
Ao som da voz ofegante dela, ele desbravava, com as mãos, coxas e virilha, sentindo-a tremer de volúpia. Com a boca, ele enebriava os sentidos dela, beijando-a na orelha, passando pelo pescoço até chegar aos seios duros e firmes da morena. A libido não tinha mais espaço naqueles dois corpos e, agora, pairava no ar, admirando aquela cena tórrida, onde homem e mulher conjugavam, hibridamente, um animal que urrava versos afinados com o desejo, com o calor, com o fogo.
De pernas abertas e suspensas, a moça desafiava os limites do prazer, ultrapassando-os ao passo que o rapaz sorvia seus sabores e delírios. Parecendo não cansar, a boca rija dele dirigia-se à boca da menina passando por seu umbigo e seus seios. Diante de tanta lascívia, os gemidos e sussurros haviam sido transformados em gritos e urros que eram justificados pela intensidade que a moça, agora, punha em seus afagos.
Como que se soubessem ser o fim algo realmente próximo, beijavam-se ardentemente, entrando em sintonia com o calor que os primeiros raios de sol lançavam sobre eles. Misturadas à fúria daquela noite, lembranças desconexas de um antes os confundiam, atrapalhando a possibilidade de um depois, mas, sem dúvida, as marcas daquele encontro ficariam retidas nas entrelinhas dos devaneios de cada um até que fossem, novamente, mar.

Um comentário:

ane. disse...

derretendo pela boca.